Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é um estado de bem-estar físico, mental, e social completo e não meramente a ausência de doença ou incapacidade. No que se refere à saúde mental, não há uma definição precisa. A OMS pontua que, saúde mental não seria apenas a ausência de transtornos mentais, mas a qualidade de vida cognitiva ou emocional, a autoeficácia percebida, a autonomia, a competência, a dependência intergeracional e a autorrealização do potencial intelectual e emocional da pessoa¹.
Segundo o relatório da OMS, o setor da saúde tem tido respostas inadequadas e ingênuas que “em vez de melhorarem a sua capacidade de resposta e anteciparem novos desafios, os sistemas de saúde parecem estar à deriva entre prioridades imediatistas, cada vez mais fragmentados e sem uma orientação definida”². Em vista disso, argumenta por uma renovação e um reforço dos cuidados primários. Assim, a OMS, conjuntamente com a Organização Mundial de Médicos de Família (Wonca), apresenta a justificação e as vantagens de se prestarem serviços de saúde mental a nível dos cuidados primários, visto que 450 de milhões de pessoas são afetadas por perturbações mentais e comportamentais¹ e que caso não sejam tratadas, podem apresentar alto preço, que se refere a sofrimento, invalidez e perda econômica³.
Dessa forma, para a OMS, integrar serviços de saúde mental nos cuidados primários é a maneira mais viável de cobrir o déficit de tratamento e assegurar que as pessoas recebam os cuidados de saúde mental que necessitam³.
No Brasil, o Ministério da Saúde aborda a questão da saúde mental em seus cadernos de atenção básica, propõe que as práticas de saúde mental possam ser realizadas por todos os trabalhadores na atenção básica: “Trata-se, sobretudo, de que estes profissionais incorporem ou aprimorem competências de cuidado em saúde mental na sua prática diária, de tal modo que suas intervenções sejam capazes de considerar a subjetividade, a singularidade e a visão de mundo do usuário no processo de cuidado integral à saúde”⁴.
Pensando nesse caminho iniciado pelos órgãos de saúde, pode-se dizer que a saúde mental começa quando ela passa a ser entendida como parte do sujeito, que é integral e não dividido em partes.
É preciso que os profissionais da saúde e a população fiquem atentos às mudanças, visando garantir os benefícios que elas podem proporcionar na saúde física e mental de milhões de brasileiros.
1- OMS. Relatório Mundial da Saúde: A SAÚDE MENTAL PELO PRISMA DA SAÚDE PÚBLICA, 2001.
2- OMS. Relatório Mundial da Saúde: Cuidados de Saúde Primários, agora mais do que nunca, 2008.
3- OMS. Integração da saúde mental nos cuidados de saúde primários Uma perspectiva global, 2009.
4- BRASIL, Ministério Da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: Saúde Mental. Brasília, 2013.