Por que quando o fim do ano se aproxima as pessoas tendem a se tornar mais sensíveis? São tantos questionamentos como: “- o que fizemos de nossas vidas?” “- Estou satisfeito com minha rotina, relacionamentos familiares e amorosos ou com meu trabalho?” “- Consegui casar? Emagrecer? Ter filhos? Ter um bom emprego?”, etc. Quem teve um ano conturbado é bem provável que desenvolva certa instabilidade emocional ao chegarem as festividades de fim do ano, desencadeando a chamada “Crise de Fim de Ano”. Geralmente ao se aproximar o último trimestre, o “clima natalino” se apresenta por meio de produtos em lojas, supermercados, lançamentos musicais, propagandas de TV... uma verdadeira nostalgia. Há a tendência de que as pessoas façam um balanço entre as metas alcançadas durante o ano e aquelas que “mal saíram do papel” e que não foram executadas por qualquer razão, gerando sentimentos de derrota, intensa frustração e muitas incertezas.
Os transtornos de ansiedade e a depressão ocorrem durante todo o ano, mas alguns “gatilhos” levam a alterações do comportamento e dos sentimentos, principalmente quando está chegando o Natal e Réveillon, período que notamos nos consultórios médicos o aumento do fluxo de pacientes com as mais diversas queixas relacionadas às angústias e receios. A medida em que o indivíduo se propõe a fazer um balanço do ano que passou e a idealizar novos planos para o futuro, ele se depara com um “turbilhão emocional”, um misto de ansiedade, tristeza e angústia, que pode se intensificar com encontros familiares, e até trazer à tona conflitos ocorridos no passado. Nem todos conseguem ser contagiados pelo clima festivo. Imaginem como será o Natal daquela pessoa que perdeu um ente querido... Mas é importante sabermos diferenciar o que é uma tristeza momentânea e o que é um transtorno psiquiátrico mais sério, como no caso da depressão.
A tristeza pode surgir em situações que envolvam perda, fracasso, frustrações, rejeição. Já a depressão, não é momentânea. A pessoa tem um comportamento pessimista e de baixa autoestima persistente, com perda de energia, falta de interesse por atividades antes consideradas prazerosas, alterações do apetite e sono, sensação de inutilidade ou culpa, irritabilidade e impaciência, além de sensações que envolvem desesperança, desânimo, dificuldade de concentração, choro frequente, dores de cabeça e no corpo e até mesmo, em casos mais críticos, idealização suicida, como se a morte fosse uma solução para todos os problemas.
Mas o que fazer quando ocorre a “Crise do Fim do Ano”? A dica é: Se esse desconforto gerar sintomas mais graves e incapacitantes, pode ser a hora de buscar ajuda de profissional médico qualificado. Cada tratamento é individualizado, portanto, dependendo do grau do sofrimento, poderá durar de seis meses a até dois anos. Outras condutas que otimizam o manejo do paciente são a psicoterapia, mudanças de hábitos de vida (como atividade física, sono regular, alimentação saudável, evitar uso de tabaco, álcool e drogas). Um conselho é não tentar se automedicar, pois o indivíduo poderá por em risco a própria vida. É importante lembrar que é possível passar por esse período sem tanto estresse e angústia. O primeiro passo é aceitar as frustrações, avaliar as perdas e projetar novos ganhos. É encarar o passado com mais leveza e menos cobranças, já que não podemos modificá-lo. Com determinação mudamos nossas atitudes no presente a fim de termos bons resultados futuros. Vamos focar nos pontos positivos! A vida recomeça a cada dia.