A respiração nasal adequada é muito importante no equilíbrio do organismo. O ar, ao penetrar nas cavidades nasais, passa por um processo de condicionamento que inclui aquecimento, umidificação e filtragem, chegando aos pulmões em condições ideais. A obstrução nasal, parcial ou completa, gera um aumento na resistência ao fluxo de ar nas fossas nasais.
A fim de compensar uma insuficiência respiratória nasal, a criança adota uma respiração mista (buconasal) ou oral. O que inicialmente é uma necessidade, pode converter-se em hábito inconsciente que poderá persistir mesmo quando a causa da obstrução for removida.
Além do condicionamento do ar, o nariz também cumpre outras funções: olfação, proteção, fonação (atua como caixa de ressonância do som glótico) e função relacionada com a audição (ventilação da orelha média através da tuba auditiva). Todas essas funções podem apresentar algum grau de comprometimento diante de uma obstrução nasal.
A obstrução nasal é uma queixa bastante frequente na população pediátrica, embora sua real prevalência seja desconhecida. Várias são as etiologias capazes de determinar a obstrução da via aérea superior, tais como etiologia inflamatória, congênita, traumática ou tumoral. Muitas dessas condições provocam obstruções transitórias (alergias sazonais, corpos estranhos, infecções virais ou bacterianas) que, geralmente, duram pouco tempo e, eventualmente, podem ser recorrentes.
Comumente, as repercussões das obstruções da via aérea superior são locorregionais, tais como rinorreia, lacrimejamento, otites médias e alterações olfatórias. Em outros casos, a obstrução pode se prolongar tornando-se permanente (hipertrofias adenoamigdalianas e de conchas inferiores, desvios septais, tumores nasossinusais). Nesses casos, além das repercussões locorregionais, alterações sistêmicas podem se instalar, tais como:
■ distúrbios do crescimento craniofacial;
■ alterações de sono;
■ déficit de linguagem;
■ retardo do crescimento ponderal e estatural;
■ alterações cognitivas e de humor.
As repercussões da obstrução nasal tendem a variar muito entre as crianças e dependem do tempo de instalação, da época da infância em que o problema iniciou, da gravidade da obstrução e da fase da vida em que sua causa foi removida, podendo gerar alterações passíveis de correção ou sequelas na vida adulta.
Dentre as causas mais comuns de obstrução nasal na infância, encontram-se a rinite alérgica, a hipertrofia adenoamigdaliana, a rinossinusite, a hipertrofia das conchas inferiores e os desvios septais. Devemos também considerar causas menos frequentes, mas não por isso menos importantes, tais como as neoplasias, a polipose nasal, a atresia de coanas.
Os pediatras, otorrinolaringologistas e odontologistas precisam estar atentos em identificar precocemente os sinais e sintomas de obstrução nasal na criança, bem como suas repercussões, a fim de orientar o tratamento adequado e a prevenção de sequelas.