Por definição, o tracoma é uma conjuntivite crônica recidivante que, em decorrência de infecções repetidas, produz cicatrizes na conjuntiva tarsal superior, (superfície interna das pálpebras que fica em contato com os olhos), podendo levar à formação de entrópio (pálpebra com a margem virada para dentro do olho) e triquíase (cílios tocando os olhos).
As lesões resultantes deste atrito podem levar a erosões e opacificações corneanas e, consequentemente, queda progressiva da acuidade visual. O agente etiológico do tracoma é uma bactéria denominada Chlamydia trachomatis, a qual também pode ser responsável por quadros de infecções respiratórias infantis, além de outras doenças sexualmente transmissíveis, como uretrites, vulvovaginites, cervicites e pelo linfogranuloma venéreo.
A transmissão da doença ocular geralmente ocorre pelo contato direto de olho a olho ou por contato indireto, através de objetos contaminados (lenços, toalhas, fronhas) e também por moscas domésticas. Contudo, a transmissão só ocorre quando existirem as lesões ativas, sendo maior no início da doença e quando existirem outras infecções bacterianas associadas. O tratamento é feito com medicação específica, tanto tópica quanto sistêmica.
O diagnóstico do tracoma é essencialmente clínico e, para tanto, um exame minucioso dos olhos se faz necessário, uma vez que a sintomatologia inicial é inespecífica, tais como ardência, lacrimejamento, fotofobia e sensação de areia nos olhos. A automedicação é absolutamente contraindicada, haja vista o risco da persistência da infecção e agravamento das lesões oculares. Levando-se em consideração o moderado risco de reinfecções, todo paciente deverá ser reavaliado num período de 6 meses a 1 ano para garantia de cura.
O tracoma, apesar de já ter sido considerado erradicado em alguns países, continua sendo uma das doenças de maior disseminação mundial e, consequentemente, uma das grandes causas de cegueira.