O tratamento endoscópico, devido à sua mínima agressão aos tecidos envolvidos nas vias de acesso cirúrgico, vem sendo amplamente utilizado em várias áreas de cirurgia, com uso rotineiro nas cavidades torácicas e abdominais, assim como nos tratamentos de patologias do joelho.
Em razão da complexidade anatômica e do envolvimento de estruturas neurais vulneráveis a lesões graves e irreversíveis, os procedimentos videoendoscópicos na coluna vertebral foram implementados posteriormente, em 1983, mas somente em 1997 a videoendoscopia da coluna, como é aplicada nos dias de hoje, teve seu início, quando Yeung introduziu o endoscópio multicanal, com uma óptica de 25 de angulação associada a uma cânula tubular biselada, permitindo aumentar a área de trabalho e realizar a descompressão neural sob visão direta.
Não desconsiderando o avanço técnico obtido, foi em 2006, graças à continuidade do desenvolvimento dos instrumentais, que Ruetten pôde descrever a primeira cirurgia completamente endoscópica, realizada por via interlaminar, com a utilização de cânulas de 6 mm, possibilitando acesso endoscópico a toda a coluna vertebral.
Mas quais são as vantagens e desvantagens do tratamento videoendoscópico?
Não se pode negar que o método convencional, a microdiscectomia, além de ser uma cirurgia bem-sucedida, apresenta como características o baixo custo com insumos e curto tempo de internação, ao contrário da videoendoscopia.
No entanto, a principal vantagem do procedimento videoendoscópico é o fato de ser um método realmente minimamente invasivo, pois a cirurgia é realizada através de uma pequena incisão de 8 mm na pele, sem necessidade de dissecção da musculatura paravertebral, estabilizadora da coluna.
Além da preservação tecidual na via de acesso, o procedimento é mais rápido do que o convencional, durando cerca de 7 a 40 minutos. Assim, a mínima agressão tecidual associada à irrigação contínua, tornando o sangramento mínimo, apresenta menor índice de infecção.
E quais as indicações desse tratamento?
As indicações da cirurgia endoscópica continuam sendo as mesmas que a microdiscectomia convencional, sendo reservadas apenas para as hérnias de disco cervicais, torácicas e lombares refratárias ao tratamento conservador bem conduzido.
Ainda, a cirurgia endoscópica na coluna vertebral pode ser utilizada no tratamento de estenose de canal lombar, tanto nos casos com comprometimento foraminal quanto central.
Também existem relatos do uso do tratamento endoscópico para discite com abcesso peridural e para ressecção do odontoide, utilizado para descompressão medular anterior por abordagem retrofaríngea.
Outras indicações são: assistência na cirurgia da coluna torácica para flexibilização da curva escoliótica, realizando discectomias múltiplas no ápice da deformidade; clampeamento endoscópico da convexidade da curva escoliótica e descompressão tumoral da medula torácica.
Entretanto, apesar do tratamento endoscópico na coluna vertebral ser um método minimamente invasivo e com agressão tecidual mínima, como toda e qualquer ação estranha ao corpo humano, há de se falar das suas possíveis complicações como: infecção, lesão de raiz nervosa, durotomia acidental, fibrose epidural e recidiva da hérnia.
No mais, é possível concluir que a endoscopia é uma técnica que está em constante avanço tecnológico, com baixo grau de agressividade, permitindo visualizar o local exato da doença com grande aumento e proporcionando muito mais segurança, tanto ao médico, como ao paciente.