Ocorrendo de forma predominante em idosos, as fraturas do fêmur proximal merecem destaque pela sua gravidade, caracterizadas pelo seu elevado índice de complicações. Na faixa etária de maior prevalência, 75 anos, a maioria dos pacientes apresenta algum ou até mesmo vários problemas de saúde. As morbidades associadas, como diabetes, hipertensão arterial, cardiopatia, demência e outros distúrbios cognitivos e neurológicos, predispõem a variadas complicações no decurso do tratamento.
Mesmo na atualidade, observa-se alto índice de mortalidade após a ocorrência dessas fraturas, em torno de 25 a 30% em um ano. Estima-se que entre os pacientes idosos que sofrem fraturas desse tipo, cerca de um terço desenvolvem algum tipo de incapacidade, do qual metade necessita de assistência institucional e apenas um terço recupera sua condição funcional prévia.
Neste grupo encontram-se as fraturas do colo do fêmur e as fraturas trocantéricas. Em comparação, no colo do fêmur a faixa etária é geralmente menor. Os pacientes com tal fratura apresentam quadro clínico caracterizado por dor no quadril após trauma simples, impotência funcional impedindo a locomoção e membro encurtado e em rotação lateral.
As radiografias são essenciais para o diagnóstico da fratura. Há situações em que a fratura não é identificada na radiografia simples inicial. Essa condição é conhecida como fratura oculta. Em casos suspeitos, deve-se recorrer a outros métodos diagnósticos por imagem, como a tomografia e a ressonância magnética.
O tratamento dessas fraturas é cirúrgico na maioria dos casos, com raras situações em que se opta pela abordagem conservadora. Além do índice de complicações clínicas, se maior nos idosos, que têm de permanecer imobilizados de alguma forma quando submetidos a tratamento não-cirúrgico, tem também as complicações ortopédicas, como o retardo e a falha de consolidação ou a consolidação viciosa.
A demora além de 24-48 horas para realizar a cirurgia indicada, aumenta o risco de complicações clínicas, incluindo mortalidade. No entanto, a cirurgia só deve ser realizada após a estabilização das condições clínicas do paciente.
Para efeito de orientação para o tratamento, as fraturas do colo femoral são divididas em estáveis e instáveis. Fraturas estáveis é preconizada a osteossíntese em qualquer idade, de preferência em técnica pouco invasiva, com parafusos. Para fraturas instáveis deve-se considerar a idade do paciente. De modo geral, considera-se os 65 anos como idade de transição, abaixo da qual se procura preservar a cabeça femoral por meio de redução e osteossíntese. Quanto à opção por próteses totais ou parciais, não há consenso. De modo geral, a prótese total é indicada para pacientes ativos. As próteses parciais ficam para os pacientes mais debilitados, com menor expectativa de vida.