Em alguns países, o câncer já é a causa de morte mais comum, superando as doenças coronarianas.
A “certidão de nascimento” do câncer é um papiro egípcio do século VII a.C., em que um médico descreve uma massa saliente no peito para a qual o tratamento “não existe”. No entanto, são raras as referências à doença antes do século XIX. O motivo é simples: as pessoas morriam de outros flagelos como tuberculose, cólera, varíola, peste ou pneumonia. Nesse sentido, o câncer é uma moléstia da civilização moderna que com o prolongamento da vida humana foi levado para primeiro plano. Só na segunda metade do século XX é que se intensificou a batalha épica da medicina contra um mal cuja causa era desconhecida.
O nome “câncer” foi criado por Hipócrates, considerado o pai da medicina, na Grécia antiga. O nome foi dado porque Hipócrates viu semelhanças entre os tumores e o caranguejo. Ele percebeu similaridades entre a doença que “lança suas patas” em órgãos a distância com as patas do caranguejo.
O câncer é uma doença da célula. Ocorrem defeitos no material genético de uma célula normal. A estes defeitos damos o nome de mutações. Isto leva esta célula normal a adquirir um comportamento defeituoso, multiplicando-se rapidamente e formando tumores. Além disso, as células cancerígenas têm a capacidade de se destacar do seu local de origem e migrar para outros órgãos pelo sangue ou vasos linfáticos. Ao chegar em outras partes do corpo, elas voltam a crescer formando metástases.
Com o tempo fomos entendendo que a doença não é única. Existem diversos tipos de câncer, cada um com um comportamento diferente e resposta a tratamentos também muito diferentes. Assim, um tumor de mama de uma mulher de 45 anos, um tumor na próstata de um homem de 65 anos e um tumor no pulmão são doenças completamente distintas. Este é um conhecimento muito importante para entender que não existe, nem nunca existirá, um tratamento que vá curar todo e qualquer tipo de câncer de uma única vez e sim tratamentos diferentes e direcionados que serão capazes de curar doenças específicas.
A compreensão da diversidade dos cânceres, suas diferenças, inclusive em um mesmo órgão, levou ao avanço do tratamento e aumento das chances de cura. Hoje, com pesquisas que identificam as falhas no DNA de cada tipo de câncer, já está sendo possível desenvolver medicamentos mais específicos para cada pessoa, cada vez melhores e com menos efeitos tóxicos do que os medicamentos que usávamos antes.
Embora muito tenha sido feito ao longo das últimas décadas, ainda há muito a ser feito com o objetivo de reduzir o impacto do câncer, seja atuando na sua prevenção quando possível, no seu diagnóstico precoce, no melhor tratamento e reabilitação dos pacientes.
Combater esta doença é um trabalho conjunto, que exige a participação de uma equipe multidisciplinar, dos pacientes, familiares e da sociedade como um todo.