A neuralgia do trigêmeo (NT) é um distúrbio que provoca uma dor excruciante na região do rosto, por onde passa o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face. A dor costuma pegar um lado do rosto, durando habitualmente alguns segundos e podendo ocorrer várias vezes em um mesmo dia, com intervalos de tempos variados. Ela pode ser tão intensa que é considerada uma das piores dores do mundo.
A NT pode ser classificada em dois tipos. O clássico, que se divide em dois grupos: um relacionado à compressão do nervo por vasos sanguíneos tortuosos, que se encostam ao nervo trigêmeo, e o outro, conhecido como forma idiopática onde não se encontra uma causa específica. O segundo tipo é chamado de neuropatia trigeminal dolorosa, que está relacionado à lesão do nervo por outras causas, como: tumores, doença da mielina (a capa do nervo), entre outras.
O principal sintoma da neuralgia do trigêmeo é a dor aguda, intensa, tipo choque ou pontadas. Uma dor penetrante no rosto, que atinge a face, geralmente de um dos lados, atingindo um ou mais dos três ramos do nervo trigêmeo que inervam as seguintes regiões da face: a parte inferior do rosto na região da mandíbula, ou a maçã do rosto, ou a região ao redor do olho. A dor dura de alguns segundos até alguns minutos. A maioria das pessoas com NT apresenta vários episódios de dor em um dia. Esse quadro normalmente é bastante incapacitante.
Sabe-se que algumas atividades podem levar aos ataques de dor, conhecidos como gatilhos. Estes podem incluir: o toque no rosto do paciente, mastigação, a fala, escovar os dentes, sorrir e o contato do rosto com ar frio.
O diagnóstico depende da história clínica, que deve caracterizar adequadamente a dor, e do exame físico neurológico, que geralmente é normal, pelo menos na forma clássica, que inclui a maioria dos casos. Uma boa consulta médica é o melhor instrumento para o diagnóstico da NT.
A primeira opção terapêutica deve ser sempre o controle medicamentoso. Os médicos podem usar diferentes tipos de remédios para tratar a NT, entre eles as medicações para prevenir convulsões, chamadas de antiepilépticos. Estes medicamentos diminuem os disparos anormais do nervo que causam a dor. Os remédios devem ser introduzidos lentamente, com doses progressivamente mais altas, para minimizar efeitos colaterais e reduzir o número e a intensidade de ataques de dor. Na maioria das vezes a doença é crônica e conseguimos controlar os sintomas com o uso dos medicamentos. Os mais utilizados são: carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina e baclofeno.
Caso os resultados com o tratamento medicamentoso não produzam o efeito esperado ou causem efeitos colaterais intoleráveis, o paciente deve conversar com o seu médico para outras opções terapêuticas, como os tratamentos cirúrgicos. Existem algumas modalidades para esse tratamento que são: cirurgia de descompressão microvascular; procedimentos ablativos que incluem: rizotomia com radiofrequência (termocoagulação), compressão mecânica com balão e ablação com glicerol; radiocirurgia e bloqueio periférico.
As opções cirúrgicas são sempre invasivas, com risco intrínseco a cada procedimento e podem ter taxas de sucesso variáveis. Alguns pacientes melhoram logo após o tratamento e voltam a piorar com o passar do tempo.